Thursday, February 25, 2010

O beijo


"Olharam-se. Os olhos dele procuraram os dela. No meio da multidão. No meio do barulho. Tudo parou. Apenas a consciência física de ambos. Ficaram assim por intermináveis segundos, minutos? O tempo é sempre relativo quando o coração parece querer saltar do peito. Apenas se ouvia o coração de ambos a bater. Ela enrubesceu. Sentiu o olhar dele queimando-lhe o corpo. Nenhum deles sorriu, nenhum deles fez nenhum gesto de aproximação. O olhar esse unia-os tal qual um laço imaginário. Alguém lhe disse algo ao ouvido, por momento a corrente de energia quebrou-se quando ela olhou para o seu interlucutor. Respondeu. Ou melhor balbuciou uma resposta não sabendo sequer qual tinha sido a pergunta. Procurou-o novamente. Já não estava ali. Teria sido um sonho? Teria sido a sua imaginação mais uma vez a pregar-lhe partidas? Sentiu de repente uma falta de ar, uma asfixia que lhe provocou calores. Correu para a varanda. Sentiu o ar fresco da noite que lhe acariciou o rosto. Segurou-se ao varal. Olhou lá para baixo. Uma vertigem a percorreu. E se largasse a mão? Qual seria a sensação de se entregar nos braços da noite? Ampararia-lhe a queda? Iria deslizar até ao abismo que a engoliria? Subiu. Tentou se equilibrar. Era difícil tentar o equilíbrio de saltos. Desequilibrou. Uma mão forte a agarrou antes que fosse tarde demais. Ele puxou-a para si. Ficaram ali abraçados. Sem palavras. Apenas sentiam a proximidade um do outro. Ela traçou linhas imaginárias no seu rosto, seu dedo desenhou os contornos daquele rosto que tanto amava, tocou ao de leve os lábios que nunca provara. A corrente de energia era grande, ele estremeceu. Colocando-se em bicos de pés, encostou seus lábios aos dele. Suavemente. Sentiu o tremor que o percorreu. Suas mãos apoiavam-se no seu peito. O momento pareceu eternizar-se ali, naqueles braços, naquele beijo. Ele puxou-a mais para si, correspondeu totalmente aos lábios que o convidavam. Beijaram-se. Assim sem medos, assim sem reservas. Ambos sabendo que seria o primeiro e seria o último. Mas a recordação desse primeiro beijo já ninguém lhes tirava. Ela soltou-se dos seus braços, olhou-o mais uma vez nos olhos e desapareceu na noite. Ele ficou ali, sozinho, pensando no que tinha acabado de acontecer. Seria sonho? Seria realidade? Outra realidade o esperava, lá dentro, provavelmente á sua procura. Virou costas e entrou."

Autoria: Lcarmo (Bela)

6 comments:

PoesiaMGD said...

Parece-me um bom conto. A merecer muitas visualizações. Parabéns!

http://www.escritartes.com/forum/index.php?referredby=3

Pat said...

que romantico :$
adoro textos assim. alias acho que qualquer menina adora :P

abelha*

Poetic Girl said...

PoesiaMGD: Obrigada pela visita...

Abelha: Sim todas nos revemos nestes textos não é? bjs

Brown Eyes said...

Uma linda descrição de um momento de paixão: o beijo. Há muito sentimento neste texto.
Beijinhos

Poetic Girl said...

Brown eyes; Há beijos que marcam não é verdade? beijinhos

Brown Eyes said...

Claro que há. Beijos que nunca se esquecem, nem que depois surjam outros serão sempre únicos.
Beijinhos